Ceia de Natal by Vania, admin
Ceia de Natal by Vania
Nota: A série "Pretender" não me pertence, bem como os seus personagens. São todos propriedade da NBC, TNT e MTM. Não vou ter qualquer lucro e, provavelmente, muito poucos comentários, por isso não processem, tá? Já agora, a música é cantada pela Celine Dion (mais não sei).

Nota do Autor: Isto é o produto de uma ideia que surgiu numa aula de Português. Comecei a pensar o que aconteceria na ceia de Natal se um dia a Miss Parker e o Jarod finalmente se juntassem. O que surgiu não estaria aqui se não fosse pela ajuda de dois dos meus melhores amigos. Brigada:)) Já agora, a primeira parte é do ponto de vista do Sydney, o resto é da Miss Parker. Espero que gostem, porque isto foi mesmo muito estranho de escrever. Por favor digam coisas!!! Bom Natal a todos e um Feliz Ano Novo!!!!:))))


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God blesses everyone
The good and the bad
The happy, the sad
God blesses everyone
Blesses family and friends
It's good to be here again



Ceia de Natal
por Vania




25 de Dezembro, 00h34m

Após mais de duas horas de espera no aeroporto, finalmente decidi rumar a casa de Miss Parker. Ela deveria estar sozinha, como habitualmente, e com certeza iria apreciar a minha companhia. Por esta altura deveria estar com a Michelle e com o meu filho, Nicholas mas a tempestade que se abateu em Delaware não permitiu que o avião para Chicago descolasse.

Ao chegar à entrada da casa, pago ao taxista, retiro a minha mala e mando-o seguir. Ao subir os degraus, noto algo estranho. A porta estava entreaberta, por isso não tive de bater para entrar. Não era suposto a esta hora da noite. Cuidadosamente, abro-a mais um pouco, pondo primeiro o pé esquerdo dentro de casa, espreitando, e em seguida o direito.

- Miss Parker! - chamo, olhando em redor. No entanto, ninguém me responde.

A visão era no mínimo assustadora. Parecia que uma batalha campal tinha decorrido na sala de estar. Os móveis estavam fora do sítio, a comida estava espalhada pelo chão e os pratos estavam partidos ao longo da sala. De imediato, excluo a hipótese de ela se encontrar sozinha. Pelo menos, parece que ela passou a meia-noite acompanhada. Mas fez-me recear também pela sua segurança - ou no caso da Miss Parker, pela segurança dos convidados.

Começo a dirigir-me para a cozinha, mas paro quando uma figura sai do quarto. Era a Miss Parker! Viro-me para olhar melhor para ela. Não era lá grande visão e, tal como eu pensara, uma batalha ocorrera.

Miss Parker tinha um pedaço de carne no olho esquerdo, o seu cabelo estava despenteado e vestia um pijama.

- Nem uma palavra, Sydney! - ela avisou-me.

Ainda eu não recuperara do meu susto inicial, vejo outra figura sair do mesmo quarto, impedindo-me de dizer o que quer que fosse. Era o Jarod! Também ele com um pedaço de carne no olho esquerdo! Será que eles andaram à pancada? Este é o primeiro pensamento que me vem à cabeça. O segundo foi "O que é que ele está a fazer aqui?".

- Espero que tenhas vindo numa missão de paz! - disse o Jarod, enquanto eu suprimia o sorriso que ameaçava aparecer ao vê-los naquela figura.

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3 meses antes

Devagar, entro no armazém em que Jarod esteve - ou está, dependendo da minha sorte. Broots e Sydney entram mesmo atrás de mim. De arma em punho, vou até à mesa que está posta para um presumível jantar para duas pessoas. O que me leva a crer que ele ainda pode estar perto. No entanto, não parece estar ninguém, para variar. Qual será a mensagem por detrás de dois copos, dois pratos e quatro talheres? Ponho a arma de novo no coldre.

A lata deste gajo! Ainda por cima parece que está mesmo a fazer o jantar! Ele não pode estar longe. O Broots foi até ao microondas e disse que ele estava a preparar lasanha. Em vez de o desligar, deixou-a a cozinhar, provavelmente pensando que teria tempo de a comer.

Declarando que ele já não se encontra no armazém, mando-os sair. Isto dá-me tempo para visitar uma outra sala ainda não inspeccionada. Já nem sequer me dou ao trabalho de ir buscar a minha arma. Abrindo a porta, tal não é o meu espanto quando vejo um homem de casaco de cabedal preto, virado de costas para mim, sentado na cadeira da secretária. Será ele? Não, não pode ser ele. Acorda! Por esta altura já o Jarod se pôs a milhas ou então está a dar dois dedos de conversa com o Dr. Spock enquanto eu estou para aqui feita parva!

Digo-lhe para se identificar. Ele nem sequer se mexe. Pé ante pé (se é que isso é possível com os meus saltos - o que eu não daria por uns bons ténis) entro no escritório e paro em frente à secretária, apoiando os meus braços nela. Ainda assim, ele não se vira! Que nervos! Por incrível que pareça, tenho de admitir que ele se parece com o Jarod. Mas não pode ser ele, senão já teria saltado pela janela no momento em que entrei. Decido uma nova abordagem. Dou a volta à secretária. Como diz o ditado "Se Mahomé não vai à montanha, vai a montanha a Mahomé". Neste caso, se a cadeira não se vira, então vou eu até à cadeira. Uma estranha sensação apodera-se de mim no momento em que lá chego. Finalmente, o homem de blusão preto olha para mim - e eu para ele, claro está. O que eu não dava para ver a minha cara agora! Devia ser impagável! Eu não acredito que é ele!

Quase reflexivamente, levo a minha mão ao coldre onde está a minha arma. Mas algo a pára. Ele agarrou a minha mão e levantou-se! O que é que ele vai fazer? Não vai fazer o que eu penso que ele vai fazer, pois não? Vai mesmo! O que é que eu faço? Paro-o? Não que seja assim tão mau, mas...

«PLIN»

- O jantar!

Foi a única coisa que me veio à cabeça dizer naquela altura! Afasto-me o mais depressa possível aproveitando a sua distracção. Respiro fundo e dirijo-me para a porta, deixando-o ali especado. Quando estou mesmo para a abrir, o Jarod barra-me o caminho. Oh não, lá vamos nós outra vez...

- Não vás já! Fica para jantar! - diz o Jarod pondo a sua mão esquerda à frente do meu corpo para evitar que eu vá a algum lado.

Devo confessar que desta não estava à espera. Então esta era a mensagem do jantar... Talvez desta vez não tenha de puxar muito pela cabeça e as respostas venham já feitas.

- Precisamos de falar - continua o Jarod - Telefona-lhes e diz-lhes para irem embora.

Ao ver-me pegar no telemóvel (não faço a mínima ideia por que é que fiz isso, mas a verdade é que o fiz), Jarod foi acabar de arranjar o jantar e a mesa. Marco o número do Sydney e ele atende pouco tempo depois.

- Syd, vão andando sem mim. Eu depois falo com vocês na The Centre. Há algumas coisas que ainda preciso de ver melhor.

Foi tudo o que lhe disse. A cara do Sydney deve ter sido no mínimo estranha, mas fez o que lhe disse, porque momentos depois ouvi o carro arrancar. Quando me virei para a mesa, o jantar estava servido e havia vinho branco nos copos.

- Não sei porque é que concordei com isto - disse-lhe.

Jarod indicou-me uma cadeira e puxa-a para eu me sentar. Percebo agora porque é que aquela Zoe gostou dele. Não sou muito destas formalidades, mas sento-me de qualquer maneira. A lasanha tem bom aspecto e o vinho deve ser bom.

Eu sei do que é que ele quer falar, mas será que realmente me apetece falar disso? Se não me apetecesse não tinha ficado, certo? Acho melhor começar a jantar. Comemos em silêncio - e quero dizer, mesmo silêncio! Quando acabo, levanto-me e coloco o meu prato no lava-loiças. Ele também se levanta e faz o mesmo. Estou encurralada.

- Por que é que querias que eu ficasse? - pergunto-lhe.

- Porque há uma coisa que tenho de te dizer. Algo que já não consigo reter para mim mesmo.

- E o que é que isso poderia ser? - digo esperando que a resposta dele não seja o que eu estou a pensar que é.

- O meu amor por ti. - diz o Jarod, respirando fundo. Acho que até ele pensa que conseguiu dizer isto depressa de mais. Espera aí! O que é que ele disse??!! Ele fala outra vez, devido ao meu silêncio (é mais ao choque, por acaso). - … o que eu sinto e tinha de o dizer de uma vez por todas. Não me interessa que não sintas o mesmo por mim. Deus sabe que não. Mas era algo que eu precisava que tu soubesses, para ficar de bem com a minha consciência.

- Jarod, os sentimentos que tenho por ti não os deveria ter. Mas já que estou aqui sozinha contigo, não vejo porquê negá-los a mim mesma.

- O que é que estás a querer dizer? Que tu...

- Jarod eu amo-te! Sempre te amei. Mas nós tomámos rumos diferentes. Eu tornei-me na caçadora e tu no caçado.

- Nós ainda podemos fazer uma diferença, Madeline - disse o Jarod e eu não acredito que ele ainda se lembra do meu primeiro nome.

- Eu não posso deixar a The Centre.

- Eu sei. Nem precisas. Nós podemos encontrar-nos às escondidas até conseguirmos arranjar uma maneira melhor.

- Isso não é fácil e também é perigoso. A The Centre nunca que o iria permitir.

- Esquece a The Centre por um bocado e fica comigo esta noite.

- Eu disse ao Sydney que iria voltar ao trabalho. E o que é que acontece se eles nos encontram aqui?

- Eu escondo-me. Preocupas-te demasiado.

E com isto, o Jarod põe os seus fortes braços à minha volta e beijamo-nos apaixonadamente. Completamente perdidos no momento, só acordamos do nosso sonho cor-de-rosa quando ouvimos um carro a estacionar em frente ao armazém. Afastamo-nos e, tal como o Jarod tinha dito, ele esconde-se numa cave, que eu desconhecia existir. Mas não antes de olhar uma última vez para mim e de prometer que me ligava.

- Parker estás aí? - é o Lyle! Boa. O que é que eu lhe digo agora? Componho-me e abro a porta do armazém.

- O que é que estás aqui a fazer, Lyle? - pergunto-lhe com o meu jeitinho especial (aos gritos, é claro).

- O Sydney disse-me que tinhas ficado a analisar umas coisas. Só vim ver se podia ser útil. - diz o Lyle tentando espreitar em redor.

- Não, não podes! E de qualquer maneira já estou despachada.

Acho que a minha única escapatória é uma saída estratégica pela porta da frente, e depressa antes que me arrependa. Saio e oiço (embora finja que não) o Lyle a perguntar-me o que raio é que eu tinha ficado a ver.

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24 de Dezembro, 22h47m

Foi o Jarod quem teve esta ideia. Pessoalmente, acho que é uma loucura, mas acho que já é tempo de saberem o que há entre nós. Ao fim ao cabo, já se passaram 3 meses e o Natal é uma óptima altura para reconciliações. Por isso, aqui estamos nós a prepararmo-nos para a Ceia. O Jarod ainda se está a vestir no quarto, mas eu já me arranjei e fico agora à espera que a minha "querida e simpática" família chegue.

Da última vez que eles vieram conhecer o meu namorado terminámos a jogar às charadas. Temo que desta vez o mesmo não aconteça e terminemos a jogar ao "quem morre primeiro" ou "salve-se quem puder".

«DING DONG»

- Eu vou lá! - grito-lhe para o quarto.

Com um último olhar ao espelho para ver se estou bem vou abrir a porta. Espreito para ver quem é: é o meu pai e a avantesma.

- Olá Anjo! - diz o meu pai, dando-me um beijo na face. Vejo-o a olhar em redor e percebe-se que está impressionado com a decoração. Nem falta o azevinho! Mais outra ideia do Jarod, é claro. - Oh, estás linda! Comprei-te uma coisinha. - disse ele dando-me o presente - Espero que gostes!

- Obrigado pai. - disse eu, fechando a porta e deixando-os entrar.

- Eu não tenho nada para te dar. Não sei do que gostas. Talvez se começarmos a passar mais tempo juntas... - diz a Brigitte, mas eu interrompo-a.

- Não, obrigado! - 'Nem pensar! Deus me livre!' penso para mim mesma.

- Mas onde está esse cavalheiro que tu nos querias apresentar, anjo? - pergunta-me o meu pai.

- Ah, ele só se está a acabar de arranjar. - eu nem quero ver a cara deles quando souberem quem é. Se o meu pai tiver um ataque cardíaco, a culpa é do Jarod!

- Cheira bem! Não sabia que tinhas tão boas qualidades na cozinha. - diz a Brigitte.

- Foi ele que cozinhou. - eu posso não ir com a cara dela, mas lá que cheira bem, cheira! … o que dá ter um homem que sabe fazer de tudo um pouco.

- Falando dele... Será que "ele" não tem nome? - pergunta-me o meu pai. O que é que eu lhe digo? 'Ah, pois, ele chama-se Jarod.'

Pelos vistos pouparam-me trabalho, porque neste preciso momento, o Jarod sai do quarto e vem ter connosco, muito bem vestido, por sinal.

- Na verdade, acho que vocês já conhecem muito bem o nome dele. - o Jarod disse, pondo as suas mãos à volta da minha cintura.

- Só podes estar a gozar comigo!!! - diz a Brigite, completamente surpresa, mas com um ar de quem dava tudo para estar agora no meu lugar.

- Anjo, o que é que se passa aqui? Exijo uma resposta! - diz o meu pai. Ao menos não lhe deu um ataque cardíaco - até agora, quero dizer.

- Não estás feliz por mim, papá? Ao fim ao cabo, apanhei-o... finalmente.

- Eu não acredito nisto! - resmungou a Brigitte.

Mais alguém entra. (entenda-se que deixei a porta encostada, para não ter que estar sempre a abri-la) … o Major Charles, a Margaret, a Emily, o Ethan e o Gemini. Todos nos cumprimentam, enquanto o meu pai e a Brigitte mal se conseguiam manter em pé. Ela parecia que ia desmaiar a qualquer momento ou coisa do género. A família do Jarod pôs os seus presentes debaixo da árvore de Natal, levando com eles o do meu pai, e puseram-se à vontade (tanto quanto lhes era permitido, é claro). Esta situação não era a mais normal. O meu pai pede-me um copo de água (é melhor trazer-lhe uma garrafa) e sentou-se no sofá. A loira fez o mesmo. Os restantes convidados começaram a conversar entre si (ao menos eles aceitaram bem a ideia).

Eu e o Jarod tentámos acalmar um bocado as coisas com a minha família, até que achámos que seria melhor que fosse melhor que só eu os acalmasse. Por isso, ele voltou para a cozinha para acabar o jantar.

Quando o Jarod desaparece de vista, chega o Lyle, que traz com ele uma garrafa de champanhe (Moet et Chandon... ao menos não o posso acusar de mau gosto). Todos os ocupantes da casa se viraram para ver quem chegara, e agora é a vez do Lyle ficar com o queixo no chão, ao ver a imagem à frente dele. Ele parecia que tinha visto um fantasma - ou muitos fantasmas.

- Olá, Lyle! … tão bom ver que sempre conseguiste aparecer!

- O que é que se passa aqui? Conseguiste apanhá-los? - pergunta-me o Lyle, apesar de eu achar que ele próprio não acredita nessa hipótese.

- Nós já fizemos essa pergunta, querido. - disse a Brigitte ao seu enteado (amante?) - E para responder à tua segunda pergunta, não. Pelo menos da forma que estás a pensar.

- Agora dá-me isso! Antes que a deixes cair. - disse-lhe, tirando-lhe a garrafa das mãos para a pôr no frigorífico.

- Por que é que acho que não estou a perceber? - murmurou o Lyle.

Regresso, desta vez com o Jarod abraçado a mim, parando debaixo do azevinho.

- Eu disse-te que não ias chegar lá. - diz a avantesma para o meu irmão.

- Espero que tenhas uma boa explicação para isto!

- Explicações para quê! - digo, beijando de seguida o Jarod apaixonadamente.

E é exactamente nesta altura que entra o Broots com a Debbie, que fica completamente perplexo com o que vê.

- Miss Parker?! - coitadinho... admito que isto deve ter sido um choque para ele. Pobre Brootsie.

- Porque é que não fizeste nada contra toda esta maluqueira, pai? - perguntou o Lyle indignado.

- Já estou velho para vos aturar, e é Natal, afinal de contas.

- Para além disso, eu estou esfomeada. Não arredo pé enquanto não tiver comido! - disse a Brigitte. Será que ela tem de estar sempre com fome? Deve ser dos chupas.

- E todos os restaurantes estão fechados... - disse o meu pai.

- Decididamente, morri e fui parar ao inferno! - murmurou o Lyle para si mesmo.

- Já agora, o Raines vem ou não. Eu não estou a contar com ele! - disse já meio esquecida que aquele saco de ossos ambulante existia.

- Não. Ele disse que era capaz de passar por cá depois da meia-noite. - respondeu-me o meu pai.

Depois da Debbie e o Broots nos cumprimentarem, o Jarod vai buscar o peru. Todos nos sentamos, ficando eu e o Jarod nos extremos. O Ethan senta-se do lado esquerdo do Jarod e a Margaret do direito. Ao lado desta fica a Emily, seguindo-se o Lyle, a Brigitte e o meu pai. Do meu lado direito estão o Broots, a Debbie, o Gemini e o Major Charles (tentem desenhar mentalmente a mesa).

São 23 e qualquer coisa e, após estarmos completamente instalados, é altura de cortar o peru, que está no centro da mesa, mais ou menos na linha entre o Lyle e o Major Charles. Eu, por acaso, não tinha pensado nisto, mas quem é que vai cortar o peru? Aparentemente, é o meu irmão, pois foi ele quem pegou na faca primeiro, embora o Major Charles fosse a pegar na faca ao mesmo tempo. A faca em si, não é nada pequena, e ver o Lyle com uma faca daquelas na mão, não é das melhores sensações que já tive na minha vida.

O Lyle levanta os olhos para o Major Charles, obviamente decidido a cortar o peru. Por sua vez, o Major Charles não está a achar piada nenhuma à brincadeira e faz uma expressão semelhante à de Lyle. Ele também quer ser ele a cortar o peru. Eu e o Jarod observamos onde é que isto vai dar. O Lyle levanta-se da cadeira e dirige a sua mão com a faca (a direita) para o seu objectivo - o peru. Mas a mão do Major Charles para-o.

- O que é que pensa que está a fazer? - diz o meu irmão irritado.

- E pensas que és quem para falar com o meu pai assim? - oh, não. Agora o Jarod também está envolvido nisto.

- Fala apenas quando falam contigo, rato de laboratório.

- Hei! Corta o peru e cala-te!

- Eu não quero que ele corte o peru! O meu pai é que o vai cortar!

- E por que é que há de ser o teu pai a cortar o peru, hã?

- Por que EU quero que ele o corte!

- Desculpem, mas não será a mesma coisa seja quem for que o corte?

- CALA-TE Broots!!!! - dissemos os 4 em conjunto.

- Crianças, é Natal! - começou a Debbie - Por que é que não fazemos assim: eu corto o peru, ok? O meu pai nunca me deixou cortá-lo e esta era capaz de ser uma boa oportunidade.

Calamo-nos todos ao som da voz da Debbie. Quase me tinha esquecido que ela estava aqui. Volto-me a sentar, mas não sem antes retirar a faca da mão do Lyle e dá-la à Debbie. Agrada-me muito mais ver o Lyle sem ela, de qualquer maneira.

Finalmente, e após algumas bocas trocadas entre os presentes, conseguimos jantar. Só não sei é quem é que terá uma indigestão primeiro. Já é quase meia-noite. Correcção: é meia-noite. O relógio não mente. Em dois segundos, a Debbie está a abrir as prendas que lhe são destinadas. Todos abrem as suas prendas. O Jarod deu-me um lindo anel de diamantes que eu faço questão de mostrar à Brigitte.

Não sei onde pára o Lyle. Isto não pode ser bom. Também não encontro o Jarod. Oh, oh... Olhando à minha volta vejo o meu pai e a Brigitte sentados num dos sofás ao lado do Broots. No chão, estão a Debbie, o Gemini, a Emily e o Ethan. A Margaret está sentada com o Major Charles. Eles só podem estar noutra sala.

De repente, oiço um prato partir-se na cozinha. Corro para ver o que aconteceu e vejo o Lyle a avançar para o Jarod, que por sua vez tem uma panela na mão, pois estava a lavar a loiça.

- Rapazes! O que é que estão a fazer? - pergunto, já rodeada por todos os outros.

- O que é que achas que estamos a fazer, mana?

Avanço e tiro a panela das mãos do Jarod. Dando um levezinho toque no braço do Lyle com ela.

- Au!

- E isso é para aprenderes!

Voltando para a sala, vejo o meu pai a (des)conversar com os pais do Jarod. Porque é que será que ninguém se pode dar bem?

«DING DONG»

Oh não! A esta hora só pode ser aquele estupor asmático do Raines! Outra pessoa que vá à porta porque eu agora não estou com paciência. A Brigitte vai, graças a Deus!

Juro que se ele não fosse obrigado a respirar por aquela botija, o Raines tinha morrido. Onde é que anda a câmara quando se precisa de uma? Falando em câmara, acho que está na altura de tirar a foto de família. As coisas parecem um pouco mais calmas entre aqueles dois, por isso vou aproveitar para a ir buscar. O Raines aguenta-se à bronca com os outros três.

- Vamos tirar uma foto! - grito para os meus convidados ao pôr o rolo na máquina. Olho em redor e o que vejo é simplesmente inacreditável. - Eu deixo-vos sozinhos durante 5 minutos e vocês viram-me a casa ao contrário?

- Eu posso explicar... - começou o meu irmão, Lyle.

- Estou à espera!

- Aqui o teu "namorado" não gostou de me ver a falar com a irmã dele e então saltou para o meu pescoço!

- Eu saltei para o teu pescoço?! Tu é que começaste com as tuas ironias habituais e eu já estou farto delas! - diz o Jarod.

Decido esquecer o assunto e tirar a fotografia. … claro que não estamos nos nossos melhores dias, mas é agora ou nunca. A minha paciência está a esgotar-se. E juro que se aquela bimba abre a boca mais uma vez, nem que seja para pedir um café, que me atiro a ela. Junto-os todos e programo a câmara para tirar a foto. Quando isto for para revelar, o homem que a vir primeiro vai-se desatar a rir às gargalhadas. Retomamos aos nossos lugares iniciais.

Estava a tentar falar calmamente com o Jarod, mais ou menos perto da minha família, quando a avantesma da minha madrasta me dirige a palavra.

- Será que me podias trazer um café, "anjo"? - e ainda por cima ela tem a lata de me chamar "anjo". O Jarod sussurra-me ao ouvido para eu ter calma. CALMA? Ele é que já andou à porrada com o meu irmão!!!

Vou buscar o café de qualquer maneira, aproveitando para fazer um para mim mesma. Quando o trago, a Brigitte está sentada - imagine-se onde? - quase ao colo do Jarod!!!! … agora! Se eu já estava com ela entalada, então agora está tudo perdido! Chegando-me perto deles e fazendo um sorriso amarelo - muito amarelo - vou-lhe dar o café. Mas quando lhe vou dar a chávena deixo entorná-la "acidentalmente" por cima dela.

- PASSASTE-TE?

- Tu ainda não me viste passada! - digo e sinto o Jarod a agarrar-me - E tu nem sequer me toques!

- Mas o que é que eu fiz? - diz o Jarod inocentemente.

- NADA! Tu não fizeste nada. - respondo-lhe sarcasticamente.

- E tudo isto é culpa tua! Tu é que lhe andaste sempre a meter ideias na cabeça. - começa o Lyle.

- Não tenho culpa que sejas um psicopata canibal, Lyle. - responde o Jarod.

- Tu és o quê? - pergunta o meu pai.

- Vez, mais uma mentira! Este gajo é um mentiroso compulsivo!

- Acho que já vi esse filme uma vez e garanto-te, não sou nada como ele!

Após mais umas frases simpáticas trocadas entre os presentes, eu estava à porrada com a Brigitte (como se esperava), mas não estava sozinha. A Emily também se juntou à minha causa e com a sua super frigideira, veio ajudar-me.

Do outro lado da sala, o meu pai trocava uns mimos com os pais do Jarod. Enquanto este, por sua vez, se divertia um bocadinho com o meu irmão. A coisa não parecia bonita. Para o lado do meu irmão, é claro.

Os miúdos, pelos vistos, decidiram ver como é que o sistema respiratório do Raines funcionava e então estavam-se a divertir com os tubos que o ligavam ao mundo dos vivos. O Ethan também se encontrava com eles e fazia-o pagar pelo que este monstro o fez durante toda a sua vida.

A situação estava descontrolada! Eu até já via os restos do peru a voarem pela sala! A Brigitte decidiu que se tinha de sujar mais um bocadinho. Num momento de pausa, vejo o Broots a fazer uma coisa impensável! Ele a dar um murro ao Lyle! Pelos vistos, também ele tinha agarrado na comida e acertado na camisa do Broots. Umas das suas preferidas, por sinal (daquelas havaianas). Ele já devia saber que com as camisas do Broots ninguém mexe. De repente tudo parou ao som da voz do meu pai.

- Já chega!!! Vamos para casa! Parece que não se sabem comportar em público! - disse o meu pai, arrastando a sua mulher e o seu filho para fora da casa - Adeus, anjo! Falamos mais tarde!

O Raines seguiu as suas pisadas, com certeza amaldiçoando a hora em que aceitou cá vir.

Também a família do Jarod decidiu que já chegava e foi-se embora. O Broots e a Debbie seguiram-se-lhes, deixando-me a mim e ao Jarod sozinhos com uma casa de pantanas - e alguns arranhões e nódoas negras.

Juntos vamos para a casa de banho, limparmo-nos. A arrumação da casa fica para depois. Oiço alguém a entrar. O Jarod também ouve. Será que se arrependeram e voltaram para trás?

- Miss Parker? - é o Sydney! Mas não era suposto ele ter ido ter com a Michelle e com o Nicholas?

Saio do quarto, já com o meu pijama e com um pedaço de carne no olho esquerdo. Pronta para enfrentar o riso do Sydney.

- Nem uma palavra, Sydney! - aviso-o.

O Jarod sai depois de mim e eu vejo a expressão do Sydney mudar de preocupado para muito surpreso.

- Espero que tenhas vindo numa missão de paz! - diz o Jarod, também ele com um pedaço de carne no olho esquerdo.

O Sydney fez um enorme esforço para não se rir, eu conseguia perceber isso.

- Mas o que é que aconteceu?

- … uma história muito comprida, Sydney. Acho que já não tenho forças para ta contar. O Jarod que a conte. - digo, sentando-me num dos sofás. Uma faca está no sítio onde me vou a sentar e eu atiro-a para o outro lado da sala.

- … até bastante simples, por acaso. - começa o Jarod.

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Acordo, ainda um pouco abalada. Mas que raio de sonho mais estranho foi este? Isto não é normal! Mas de onde é que esta ideia apareceu? O Jarod e eu namorados??? As duas famílias na mesma casa, debaixo do mesmo tecto? Levanto-me devagar da cama. Eu preciso de um banho, quente e relaxante... Olho para o calendário na cómoda: dia 24 de Dezembro.

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Shiiii!!!! Este é provavelmente um dos sonhos mais estranhos que já tive em toda a minha vida! Eu e a Miss Parker namorados??? De onde é que esta ideia veio? Li num livro que os sonhos vêm do nosso subconsciente, mas o que eu não sabia é que tinha isto no meu subconsciente! Embora a ideia de dar um ou dois murros ao Lyle não pareça de todo má. Mas, como se sabe, eu sou contra a violência. São 10 da manhã. Preciso de um duche, frio, de preferência. Olho para o calendário afixado na parede: 24 de Dezembro. Talvez sempre faça uma visita surpresa à Miss Parker...



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Fim!!!!



Então, gostaram? Estranho, não? Bem, digam-me o que acharam desta história, por favor!!!!!!!
e Bom Natal!!!! Vou ver as prendas que estão na minha árvore...


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